eu quero me ver livre dessa fúria

ativista

vegan

rocker

femista

magra

livre

basta ser eu e se esse eu não é ser livre

foda-se

porque eu quero ser isso aqui mesmo

sem complexo de 'gabriela' ou sentido filosófico completo

ser eu nunca me bastou

seu eu nunca me bastou

quero engolir o mundo mas tenho nojo do gosto

quero liberdade sem assumir a responsabilidade

responsabilidade falsa

e da caixa pulam todos os itens para ser o certo

ferro quente que encostam na minha virilha

um pouco de água

uma noite de sono

e lá me vou para a fila romana

será?

um perfume queimando na minha garganta tomou conta de mim.
e eu acabei perdendo algumas coisas lentamente.

virei de cabeça pra baixo

enxaqueca

o cheiro de tinta à oleo
das cores primárias que pintei
ainda não saiu do quarto
ele se mistura aos papéis espalhados
e às lembranças do meu quarto

abro a janela

para o ar entrar

o nada é pesado

às vezes me deito no posso do mundo

sinto o peso do céu sobre o meu corpo

e em silêncio, beijo o suspiro do instante que passou

...

não deixe

vá

não iluda

coma

não chore

grite

não toque

beije

desando no meio-fio

ser o inacabado

o inadequado

aquele cujo o nariz escorre

mas sua verdade não lhe corroe o peito juvenil

são discos de vinil que quero guardar

memórias de menina que irão ficar

enraizadas num terreno celeste

peço a Deus bon ventos

vida não vivida

entender, quando for possível

e sentir do impossível ao possível

alegria
poeira do vento
vem e suja tudo
vai e leva o mundo

o feio

o pequeno

o mediocre

: b e l e z a :

vermelho,
dor
e amor